Se houver amanhã - Sidney Sheldon

04/06/2014

Se houver amanhã - Sidney Sheldon



O que parece ser um livro que fala sobre vingança no melhor estilo "O conde de Monte-Cristo"¹ assume proporções e reviravoltas fantásticas ao embarcar por marés fascinantemente inimagináveis. Tracy Whitney é uma jovem comum e apaixonada até que se vê vítima de pessoas perversas e gananciosas. Sidney Sheldon narra as metamorfoses de uma das suas personagens mais apaixonates e corajosas.

Desde a morte da mãe - no ínício do livro - até o final espetacular - que eu não vou contar - passando por injustiça, sofrimento, prisão, reconstrução, amadurecimento e o temível destino. O enredo conta a evolução da protagonista tanto pessoal como profissionalmente. Apesar de sofrer na mão de pessoas mais "maldosas" que ela, Tracy também conhece pessoas como Ernie. 

Ernie é como uma protetora durante o tempo em que estão na prisão e também durante um tempo depois que ambas saem. Senti falta dela do meio para o final do livro. É como se Tracy tivesse começado uma vida nova - o que não é uma mentira - e tivesse esquecido das pessoas que a ajudaram no passado.

Princípios são contestados e postos à prova, barreiras são quebradas e Tracy - audaciosamente inteligente - se vê vítima do acaso. Um acaso que lhe fez muito bem, por sinal. Num desses tantos "acasos", ela conhece Gunther.

Gunther Hartog  é quem insere Tracy  numa teia de riqueza que a leva ao que realmente lhe fascina e encanta. É ele o personagem que mostra à protagonista que ela tem muito com o que trabalhar sem precisar ser tão óbvia ao ponto de ser pega.

Dentro do enredo principal, Sheldon desenvolve histórias paralelas de maneira rápida e fascinante. A narração enérgica e objetiva sempre foi uma das características que sempre me encantaram no autor. E não é diferente quando ele abre um parênteses necessário e apresenta personagens como Jeff e Daniel.

Jeff Stevens é tão audacioso quanto a própria protagonista e conhece-a numa das primeiras aventura da então "amadora" Tracy. É claro que, devido às circunstâncias, ambos se odeiam e se admiram mutuamente. Não há confiança nos encontros seguintes pelo simples motivo de que são iguais. E tanto Tracy quanto Jeff não confiariam neles próprios. Ao menos não logo de cara.

Embora a forma como desenvolveram suas habilidades tenha sido completamente diferente, Tracy e Jeff têm muito em comum. Tanto pelo modo como pensam quanto pelo modo de vida que levam. Logo de cara, Jeff percebe que há nela um talento nato e usa isso ao seu favor. Enquanto Hartog insere a protagonista no meio mais lucrativo, Jeff a ensina que usar a inteligência pode ser ao mesmo tempo prazeroso e economicamente favorável.

Daniel Cooper, por sua vez, é um detetive que tem tudo para ter tudo e não se sente atraído por nada. Até Tracy. Ela se transforma numa obsessão sacro-erótica. O passado dele leva à atitudes futuras e revela um trauma não superado por trás de toda a genialidade arrogante do detetive particular.

Influência de Doyle² e, talvez, Christie³ são inegáveis nesse personagem. 

"Se houver amanhã" é uma trama envolvente que faz querer ter tudo de uma vez só. Tem personagens inteligentes, planos geniais e, ao mesmo tempo, a tão inegável obra do destino que sempre existe no mundo real. "Ninguém consegue prever tudo" é a mensagem que fica no episódio do avião cargueiro.

E, por último, a cena final. Tracy será tão apaixonada pelo que faz ao ponto de ter mais algumas últimas aventuras ou Jeff, afinal, é mais importante que todo o resto? "Convivam com a dúvida, leitores" é o que o autor diz e, convenhamos, não seria o Sidney Sheldon se tivéssemos todas as respostas.

--
¹"O conde de Monte-Cristo" é um livro hiper-mega-super fodástico do Alexandre Dumas.
²Sir Arthur Conan Doyle, criador do famoso Sherlock Holmes.
³Agatha Christie, "rainha do crime" criadora de Hercule Poirot, Miss Marple entre outros.

0 comentários :

Postar um comentário